Carros

Por Emílio Camanzi


Boa relação entre espaço interno e tamanho externo, marca registrada da Fiat (Foto: José Wittner) — Foto: Auto Esporte
Boa relação entre espaço interno e tamanho externo, marca registrada da Fiat (Foto: José Wittner) — Foto: Auto Esporte

Um dos segmentos que está mudando o conceito dos brasileiros (felizmente), em termos de automóvel, é o de quatro portas. Antes abominados, vistos como veículos inseguros (as crianças podiam abrir as portas traseiras...) e até mais barulhentos porque têm duas portas a mais, hoje se impuseram pelo maior conforto oferecido e representam uma parcela razoável na produção das montadoras. E são poucos os modelos que não dispõem desta versão.
Nas peruas, porém, a opção fica limitada a duas marcas: a Volkswagen com a Quantum e a Fiat com a Elba.

Para este teste reunimos as duas peruas da Fiat feitas apenas nas versões quatro portas (cinco, considerando a do porta-malas), que graças aos pouco mais de 4 metros de comprimento representam os veículos mais racionais para quem deseja um carro com tais características.

A Elba CSL 1.600 é a mais luxuosa. A mais nova, a Elba Weekend 1.500, é o mesmo carro, porém tem acabamento mais simples e está equipada com um motor 1.500 cm3 somente na versão a gasolina. Aliás, o nome Weekend é o mesmo que a Fiat usava para designar seus modelos exportados para a Itália.

Duas opções de acabamento e motorização, mas a mesma racionalidade (Foto: José Wittner) — Foto: Auto Esporte
Duas opções de acabamento e motorização, mas a mesma racionalidade (Foto: José Wittner) — Foto: Auto Esporte

A CSL apresenta um revestimento acústico mais elaborado, carpete espesso, revestimento do teto pré-moldado e bancos em veludo anavalhado, no geral um acabamento de bom gosto e sofisticado. Para complementar, além do painel diferenciado, mais moderno e incluindo todos os instrumentos necessários para uma boa informação ao motorista, conta com vários equipamentos como o bagageiro, tampa de cobertura removível do porta-malas, bancos reguláveis e outros, estes opcionais, como ar-condicionado quente/frio (muito bom e que rouba pouca potência do motor), vidros de acionamento elétrico (com teclas bem posicionadas no descansa-braço) e ‘electronic check’.

Alguns detalhes deveriam ser revistos na versão CSL. O acionamento elétrico dos vidros só existe nas portas dianteiras, deixando as traseiras com as tradicionais manivelas. A posição do botão do afogador e do isqueiro fica bem na direção do joelho e perna direita do motorista, e pode aumentar os ferimentos em caso de acidente (existem espaços mais seguros).

As quatro portas são fundamentais para o acesso em carros destinados a levar famílias e suas bagagens (Foto: José Wittner) — Foto: Auto Esporte
As quatro portas são fundamentais para o acesso em carros destinados a levar famílias e suas bagagens (Foto: José Wittner) — Foto: Auto Esporte

O ‘electronic check’, por meio de leds, informa se todas as luzes externas do veículo estão funcionando e se as portas estão abertas, mas apesar dos anos que esse equipamento é disponível continua a apresentar defeitos como o que equipava o carro testado.

A Weekend, apesar de mais simples, também mostra um bom acabamento. Carpete, bancos em tecido/courvin e forro do teto pré-moldado deixam o interior bem agradável. O painel é igual ao dos Uno, incluindo relógio e teclas de acionamento reunidas em dois satélites, bem à mão. A criticar apenas o ventilador do desembaçador, com somente uma velocidade e muito barulhento.

Opcionalmente pode receber bagageiro no teto (igual ao da CSL e de funcionamento muito prático para a colocação e retirada das travessas de suporte da carga com orifícios para amarração), cobertura do porta-malas, limpador/lavador do vidro traseiro e vidro traseiro térmico, esses dois últimos muito úteis nos dias de chuva.

Na mecânica o motor faz a única diferença, sendo câmbio, suspensão e freios exatamente iguais. A CSL dispõe do 1.600 de 79,61 cv (versão gasolina) e a Weekend o 1500 ‘Fiasa’ de 67,2 cv. Aliás, esse motor 1.500 é derivado do que a Fiat usava nas competições do Campeonato Brasileiro de Marcas.

A CSL acaba, logicamente, tendo uma velocidade máxima maior, 168,806 km/h contra 160,762 km/h na média, a aceleração de 0 a 100 km/h em 12,74 s contra 15,60 e retomadas melhores (por exemplo, de 60 a 100 km/h, em 5ª., de 14,94 s contra 16,50 s).

Maior cilindrada e mais economia na CSL, com todo o conforto (Foto: José Wittner) — Foto: Auto Esporte
Maior cilindrada e mais economia na CSL, com todo o conforto (Foto: José Wittner) — Foto: Auto Esporte

A surpresa é o consumo de combustível: a CSL também foi melhor. Assim a mais luxuosa, nos circuitos-padrão de Autoesporte, fez 11,59 km/l contra 10,49 km/l na cidade e 14,80 km/l contra 14,31 km/l na estrada. E isso se deve à maior potência e torque do motor 1.600, que faz com que, principalmente na cidade, se use menos o câmbio e, na estrada, se pressione menos o acelerador, principalmente em subidas.

Em marcha, as duas têm o mesmo comportamento. Um pouco rígidas de suspensão, transmitem exageradamente as irregularidades do terreno, mas a seu favor conta a segurança em altas velocidades, fazendo curvas tranquilamente sempre com um comportamento neutro e típico dos carros de tração dianteira.

Na CSL destaque para o maior silêncio interno, em função do melhor revestimento. Surpresa foi a Weekend: em marcha lenta, o ruído do motor fica praticamente fora do compartimento de passageiros. Até a maior aspereza do motor 1.500 está atenuada.

Tanto o motor 1.500 como o 1.600 têm um dispositivo para acelerar a rotação de marcha lenta durante a fase de aquecimento do motor frio, e automaticamente retorna ao normal logo que o motor aquece. Trata-se de um recurso exclusivo dos carburadores destes Fiat, que economiza combustível e diminui as emissões de poluentes.

O nome Weekend é o mesmo dos veículos exportados para a Itália (Foto: José Wittner) — Foto: Auto Esporte
O nome Weekend é o mesmo dos veículos exportados para a Itália (Foto: José Wittner) — Foto: Auto Esporte

Direção precisa e leve para manobras, boa posição de dirigir, ótima visibilidade para todos os lados e um espaço interno para cinco pessoas de fazer inveja a carros de dimensões maiores complementam as duas peruas. Difícil de entender, porém, são os espelhos retrovisores externos maiores na CSL, em detrimento da Weekend.

Com desempenho muito bom, grande espaço interno, principalmente no volume de carga que podem transportar (o maior de todas as peruas disponíveis no mercado), a praticidade das quatro portas que facilitam o acesso atrás, consumo de combustível coerente e dimensões externas vantajosas no trânsito congestionado, essas duas Elba podem ser consideradas os mais racionais dos carros vendidos em nosso mercado.

A favor da CSL fica um desempenho maior e consumo um pouco melhor. A Weekend, porém, leva a vantagem de ter um preço menor (por volta de Cr$ 500 mil, sem opcionais), oferecendo a mesma racionalidade e, praticamente, o mesmo conforto.

RESULTADOS
Elba Weekend >> Elba CSL

Consumo (km/l)
Cidade: 10,49 >> 11,59
Estrada: 14,31 >> 14,80

Aceleração (s)
0 a 80 km/h: 10,59 >> 8,31
0 a 100 km/h: 15,60 >> 12,74
0 a 120 km/h: 23,83 >> 19,28
0 a 400 m: 19,00 >> 18,41
0 a 1000 m: 35,99 >> 34,69

Retomada de velocidade (s)
3ª. marcha, 40 a 80 km/h: 8,68 >> 6,74
4ª. marcha, 40 a 80 km/h: 12,52 >> 11,02
4ª. marcha, 60 a 100 km/h: 13,02 >> 11,69
4ª. marcha, 80 a 120 km/h: 15,56 >> 12,19
5ª. marcha, 60 a 100 km/h: 16,50 >> 14,94
5ª. marcha, 80 a 120 km/h: 19,31 >> 15,86

Velocidade máxima (km/h)
Média de quatro passagens: 160,762 >> 168,806
Melhor passagem: 163,339 >> 172,910

Espaços de frenagem (m)
60 km/h: 16,80 >> 16,10
80 km/h: 29,30 >> 28,95
100 km/h: 44,10 >> 43,80

FICHA TÉCNICA
Elba Weekend 1500 (entre parênteses os dados da Elba CLS 1600)

Motor: Dianteiro, transversal, quatro tempos, refrigerado a água, circuito selado, quatro cilindros em linha, 1.497,03 (1.580,66) cm3 de cilindrada, diâmetro e curso 76 x 82,5 (86,4 x 67,4) mm, taxa de compressão 8,3:1, comando de válvulas no cabeçote acionado por correia dentada, duas válvulas por cilindro, alimentado por carburador monocorpo (duplo corpo com segundo estágio de acionamento a vácuo), combustível gasolina, potência máxima 67,2 cv a 5.000 rpm (79,61 cv 5.700 rpm), torque máximo de 12,0 mkgf a 3.000 rpm (12,52 mkgf a 3.250 rpm).

Transmissão
Tração dianteira, câmbio transversal, acionamento manual, cinco marchas à frente e uma à ré.

Relações de marchas: 1ª.) 4,091 2ª.) 2,235 3ª.) 1,469 4ª.) 1.043 5ª.) 0,863 ré) 3,714. Relação de diferencial 3,765.

Carroceria: Perua, cinco portas, cinco lugares, tipo monobloco em chapas de aço estampado.

Suspensão: Dianteira com molas independentes, tipo McPherson, braços oscilantes inferiores, molas helicoidais, amortecedores hidráulicos, barra estabilizadora e barras tensoras longitudinais. Traseira com rodas independentes, braços oscilantes inferiores, amortecedores hidráulicos e feixe de molas transversal de três lâminas.

Direção: Tipo pinhão e cremalheira

Freios: Dianteiros a disco e traseiros a tambor, servofreio.

Rodas e pneus: Rodas em aço estampado 5 x 13’’ (liga leve 5,5 x 13’’), pneus radiais, 165/70 SR13.

Tanque: 50 litros.

Dimensões: Comprimento 4,037 m, largura 1,548 m, altura 1,450 m, distância entreeixos 2,361 m, bitola dianteira 1,337 m, traseira 1,357 m.

Porta-malas: 1.480 l com banco traseiro rebatido.

Peso: 930 (960) kg.

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