Política

No caminho de Collor tinha um carro: do Fiat Elba ao Lamborghini

Vinte e três anos depois, outro carro prateado cruza os portões da Casa da Dinda e ameaça ex-presidente

Fiat Elba entra na Casa da Dinda
Foto: Arquivo O Globo / Gustavo Miranda
Fiat Elba entra na Casa da Dinda Foto: Arquivo O Globo / Gustavo Miranda

RIO — Era 1992, e um Fiat Elba prata, de placa FA 1208, era o carro mais famoso do país. Foi pivô das denúncias que resultaram no impeachment do então presidente Fernando Collor de Melo. O veículo fora flagrado pelo GLOBO no dia 5 de julho daquele ano entrando na Casa da Dinda, residência de Collor.

Na manhã desta terça-feira, o portão da Casa da Dinda se abriu para outro carro prata. Desta vez, um Lamborghini Aventador LP 700-4 Roadster, de placa FCL 0700 — um conversível italiano capaz de acelerar de zero a 100km/h em três segundos, que deixou a propriedade do hoje senador pelo PTB de Alagoas, guiado por um policial federal. Também foram apreendidos na Dinda uma Ferrari e um Porsche.

Entre a entrada do Elba e a saída do Lamborghini, passaram-se 23 anos e uma sequência de escândalos. Em 29 de dezembro de 1992, o carioca eleito para “caçar marajás” foi expulso da Presidência. Sofrera um processo de impeachment iniciado por uma entrevista de seu irmão Pedro e finalizado por uma revelação do motorista Eriberto França. O primeiro detalhou um esquema de corrupção envolvendo o ex-tesoureiro de campanha, PC Farias. O segundo disse que havia usado dinheiro sujo não só comprar o Elba que dirigia, mas para pagar contas de Collor.

Carro de luxo do senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) apreendido por agentes da PF, no Lago Norte, em Brasília Foto: Pedro Ladeira / Folhapress
Carro de luxo do senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) apreendido por agentes da PF, no Lago Norte, em Brasília Foto: Pedro Ladeira / Folhapress

A operação da PF desta terça-feira, autorizada pelo STF, apura a participação de Collor no esquema de propinas da Petrobras. Da tribuna, o senador disse que os bens retirados de suas propriedades foram “legalmente declarados e adquiridos antes do suposto cometimento dos pretensos crimes”. Segundo o Denatran, a Ferrari é de 2010/2011, o Porsche, de 2011/2012, e o Lamborghini, de 2013/2014. O Porsche tem placa de Maceió. Os outros dois, de São Paulo. No ano passado, Collor declarou à Justiça Eleitoral ter 13 carros. Os três apreendidos não aparecem.

Em 1992, O GLOBO revelou que o Elba havia sido pago com cheque fantasma. O Lamborghini apreendido ontem vale R$ 3 milhões. Apura-se quem pagou por ele.